Daniel Alves acha que a Seleção está “pagando o pato” da crise política
Daniel Alves acha que o técnico Dunga e os seus
convocados não são os únicos culpados pela indignação popular com a Seleção
Brasileira. Acostumado a se posicionar de maneira polêmica, o lateral direito
do Barcelona culpou a crise política que o País enfrenta pela pressão
exacerbada nas Eliminatórias para a Copa do Mundo.
“O brasileiro está tão revoltado com certas coisas,
que todos nós acabamos pagando. Somos a linha de frente dos disparos porque
estamos vestindo essa camisa. Ficamos à mercê de tudo isso”, comentou Daniel
Alves, antes de ser direto em seu apelo. “Só faço um pedido, se é que posso
pedir alguma coisa: que a Seleção Brasileira não pague o pato do Brasil. Estamos
pagando o pato da revolta dos brasileiros com outras coisas.”
Os selecionáveis também deram motivos para revolta.
Daniel Alves integrou, por exemplo, o time que foi humilhantemente goleado por
7 a 1 pela Alemanha na Copa do Mundo passada. Também estava em campo na
eliminação nos pênaltis diante do Paraguai, na Copa América. E caiu com a
equipe de Dunga por 2 a 0 para o Chile, na primeira rodada das Eliminatórias.
“Temos inúmeros pontos negros nas nossas carreiras,
mas, no final, quando fizermos uma retrospectiva, veremos que haverá mais
vitórias do que derrotas. Não podemos nos apegar a isso. Não dá para apagar o
que aconteceu, mas não pode ser algo tão marcado nas nossas vidas, porque temos
coisas bem mais maravilhosas do que essa fatalidade”, discursou Daniel Alves.
O que também contribui para a falta de
identificação de alguns torcedores com a Seleção é o distanciamento. Daniel
Alves foi um dos que construíram quase toda a sua trajetória profissional na
Europa – está na Espanha, primeiro no Sevilla e depois no Barcelona, há 13
anos.
“As circunstâncias do futebol brasileiro impedem
que a gente consiga fazer uma grande carreira no País. Mas, apesar de jogar
fora, são tão brasileiro quanto o mais brasileiro daqui, que não sei quem é”,
garantiu o lateral direito, que não resiste à tentação do euro. “Somos
empurrados à Europa porque temos o objetivo de estabilizar as nossas famílias,
de dar boa qualidade de vida. Os clubes brasileiros não te preparam para subir,
e sim para vencer. Somos moedas de troca.”
Seja como for, Daniel Alves está em Fortaleza e
terá mais uma oportunidade de amenizar a revolta da torcida nacional. Será
contra a Venezuela, na noite desta terça-feira, no Castelão. “Se pensarmos nos
tapas que levamos, não chegaremos a lugar algum. Sabemos que não temos a
credibilidade de outros momentos, mas buscamos retomar essa confiança. Nosso
comprometimento é muito grande e independe das opiniões das pessoas. Amamos
estar aqui e representar o Brasil”, bradou.
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